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DA VINCE, mitos judaico-cristãos

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    segunda-feira, novembro 17, 2008


    José Ramos

     

     

    Introdução

    A cidade de Braga é dedicada à Virgem, em tempos chamada Ísis: a Deusa Mãe, a Mãe Cósmica, a Mãe Natureza, a Mãe dos Mistérios e dos Iniciados. Talvez por essa razão encontramos nesta cidade elementos, mais ou menos velados, de antigas tradições pagãs que recordam uma vivência iniciática do homem, uma vida consciente do processo de transmutação interior através da "morte" e do "renascimento" espiritual. Exemplo disso é a festividade pascal, aqui vivida intensamente e com raízes pagãs bastante profundas. Da mesma maneira que a natureza desperta da incubação do Inverno, também o homem deverá renascer deste Ovo Místico da Páscoa renovado e mais consciente.
    O ser humano sentiu desde sempre uma forte atracção, admiração e veneração pela Montanha. No Minho, para citarmos apenas alguns exemplos, temos inúmeros locais de culto cristianizados como a Senhora da Penha em Guimarães, o Sameiro, a Nossa Senhora da Peneda e o próprio Bom Jesus de Braga. Também há que realçar o erguer de montanhas artificiais com a função de templos como as pirâmides do Egipto e da América, os zigurates da Mesopotâmia, etc.
    Qual é a razão de toda esta ligação sagrada entre o homem e a montanha? É sempre difícil entender racionalmente o conteúdo de um símbolo e, no caso das montanhas sagradas, ainda se torna mais complexo por não se tratar apenas de um símbolo mas, na maior parte das vezes, de locais fortemente carregados de energia. No entanto, tentaremos ver um pouco do seu significado simbólico.
    A montanha está associada, fundamentalmente, aos princípios de altura e de centro. É elevada, vertical, próxima do céu; por isso simboliza o transcendente, o encontro entre a Terra e o Céu, a morada dos deuses como referência arquetípica para a ascensão humana. Vista de cima surge como uma ponta, o centro do mundo; vista de baixo aparece como uma linha vertical, o eixo do mundo, a escada e o caminho a escalar. É o Omphalos, o umbigo do mundo. A montanha transmite-nos ainda ideias como estabilidade, imutabillidade e, por vezes até, pureza. A sua elevação em direcção ao céu permite entrar em relação com a divindade; é o retorno às origens. A montanha é o Axis-Mundi: o Monte Meru na Índia, o Kuen-Luen na China, o Fuji-Yama no Japão, o Olimpo grego, o Alborj persa, o Moriah maçónico, a Montanha Ka'ba de Meca, o Gólgota do cristianismo, o Montsalvat do Graal, a Montanha Qaf do Islão, a Montanha Branca celta, o Potala tibetano, etc.
    Richard de Saint-Victor traduz-nos muito bem o que significa a Montanha para o homem sagrado: "A ascensão dessa Montanha pertence ao conhecimento de si, e aquilo que se passa no topo da Montanha conduz ao conhecimento de Deus". Aqui o citado autor revela todo o sentido alquímico como arte da transmutação: elevar o homem, da sua natureza de chumbo, até ao estado purificado do ouro.

    A entrada da escadaria
    No início deste caminho ascencional que nos conduzirá da base ao topo da montanha, deparamos com o sinal da Obra alquímica: de cada um dos lados do átrio que conduz à escadaria encontra-se uma fonte que jorra água de uma estrela de oito pontas.
    As estrelas estão associadas ao simbolismo do espírito e ao conflito entre as forças espirituais (a luz) e as forças materiais (as trevas), pois trespassam a obscuridade. A estrela de oito pontas, formada a partir da sobreposição de dois quadrados - o octógono - é mediadora entre o quadrado (símbolo da ordem terrestre) e o círculo (expressão da ordem celeste); é um símbolo de regeneração, de passagem do que é efémero ao que tem validade eterna.
    Na Alquimia, segundo Fulcanelli, a estrela é a assinatura do tema inicial da Obra: "A presença do sinal estrelado encontra-se em todas as modificações internas dos corpos tratados filosoficamente".
    Subindo as primeiras escadarias, em forma cónica, confrontamo-nos com um umbral que teremos de ultrapassar. Trata-se da porta de acesso que nos recorda que a vida é dual: dia e noite, luz e trevas, masculino e feminino, branco e preto, positivo e negativo, acção e pensamento, ouro e prata, etc. O Sol é o espírito divino e a Lua, que reflecte a luz solar, é a alma. Por isso, num dos pilares laterais encontra-se a Fonte do Sol e no outro a Fonte da Lua, unindo-se ambos através do arco de fecho. Sol e Lua são símbolos da eterna dualidade que possibilita a criação e a vida.
    Acerca da união entre o Sol e a Lua, Fulcanelli, na sua obra "O Mistério das Catedrais", escreve o seguinte: "A Lua recebe os raios do Sol e conserva-os secretamente no seu seio. É a dispensadora da substância passiva que o espírito solar vem animar (...) Da união desses dois princípios resulta a matéria viva, submetida às vicissitudes das leis da mutação e da progressão. É então Jesus, o espírito encarnado, o fogo que toma corpo nas coisas tais como nós as conhecemos neste mundo: e o Verbo se fez carne e habitou entre nós".

    A escadaria dos planetas
    Transposto o pórtico, começa a escadaria em linha quebrada, formando um M. Segundo H. P. Blavatsky, esta é a mais sagrada das letras, assumindo um carácter místico quer no Ocidente quer no Oriente. Representa as ondas na Água do grande Oceano Primordial. É a Matriz, a Mater, a Mãe, Mut no Egipto, Maria no cristianismo, Maya no budismo, etc.. É a Matéria Primordial como princípio da Grande Obra alquímica.
    Subindo os três primeiros lanços de escadas encontramos, no primeiro pátio, a Fonte de Diana representada através da aljava, das flechas e do arco. Diana, irmã de Apolo, é muito bem definida por Délia Guzmán nos seguintes termos: "Sob o símbolo superficial da deusa dos bosques e dos animais - às vezes para protegê-los e outras vezes para destruí-los e caçá-los - está a vigilância da Natureza, a limpidez da Vida, a pureza dos costumes, dos sentimentos e dos pensamentos. Digna complementaridade de Apolo, ela não quer que o Sol ilumine nada que não possa ser mostrado em toda a sua plenitude e nobreza". Desta forma, Diana aponta a necessidade de o homem se purificar a fim de poder penetrar nos profundos mistérios da Natureza.
    Por outro lado, o facto de a Fonte de Diana estar presente no início da escadaria é bem interessante, pois um dos sinais que muitas vezes se encontra no princípio da Obra alquímica é precisamente o arco e a flecha, indicando que se está no caminho certo. Ouçamos mais uma vez Fulcanelli sobre o assunto: "O Artista caminhou durante muito tempo: errou pelas vias falsas e pelos caminhos duvidosos; mas a sua alegria explode finalmente! O ribeiro de água viva corre a seus pés; sai aos borbotões do velho carvalho oco. O nosso Adepto atingiu o alvo. E assim, desdenhando o arco e as flechas com que, a exemplo de Cadmo, trespassou o dragão, vê ondular o límpido caudal cuja virtude dissolvente e a essência volátil são confirmados por um pássaro pousado na árvore".
    Prosseguindo a escalada vamos encontrar a Fonte de Marte com os seus atributos guerreiros. Astrologicamente, Marte é a energia, a vontade, o ardor, a tensão e a combatividade. No homem, é o combate dos desejos e das paixões.. Alquimicamente está associado ao Ferro. Para a Alquimia "os metais são os elementos planetários do mundo subterrâneo; os planetas, os metais do céu: o simbolismo de uns e de outros é paralelo. Os metais simbolizam energias cósmicas solidificadas e condensadas, com influências e atribuições diversas" (Dicionário dos Símbolos, J. Chevalier).
    No patamar seguinte encontra-se a Fonte de Mercúrio. Ele é o filho do Sol e da Lua, assumindo assim o papel de mediador. É o princípio de todas as ligações, dos intercâmbios, do movimento e da adaptação. Mercúrio porta o caduceu, símbolo de uma natureza dualista na qual se confrontam e se harmonizam os princípios contrários e complementares: negativo-positivo, passivo-activo, feminino-masculino, etc. No homem está relacionado com a inteligência e o discernimento. Nos metais alquímicos é o Mercúrio propriamente dito.
    Em seguida temos a Fonte de Saturno. Ele é o planeta ligado à morte, pois ceifa tudo aquilo que não constitui uma verdadeira realidade. Por isso, Saturno é aquele que põe à prova as obras e as ideias, acabando por ceifar todas as falsas realidades temporais. Daí que o seu símbolo - que está gravado na sua fonte -, seja a foice. Deste modo, está associado a todo o fenómeno de desprendimento da história do ser humano: desde a ruptura do cordão umbilical do recém-nascido até ao despojamento do ancião, passando pelos vários desprendimentos e renúncias que a vida nos proporciona: libertação dos instintos e da parte animalizante. Constitui assim um factor importante na conquista da vida espiritual. Saturno representa o cessar de um ciclo e o início de um novo. No homem, corresponde ao corpo físico. Na Alquimia, relaciona-se com o chumbo e a cor negra da matéria dissoluta e putrefacta.
    Continuando a ascensão da escadaria chegamos ao pátio circular onde se encontrava a Fonte de Júpiter (actualmente está no alto, próximo de um hotel). Astrologicamente, Júpiter encarna o princípio do equilíbrio, da autoridade, da ordem, da abundância e da preservação da hierarquia estabelecida. Júpiter é o deus do raio e do trovão, e é precisamente o raio que encontramos na sua fonte. No homem está associado ao elemento vital e, na Alquimia, o metal que lhe corresponde é o estanho.

    A Fonte da Serpente
    Nesse mesmo pátio circular também vamos encontrar duas extraordinárias fontes, uma de cada lado da escada, comportando na sua base um recipiente para o qual são vertidas as águas. Sobre este encontram-se quatro cabeças de crocodilo dirigidas para os quatro pontos cardeais. Este facto é muito significativo já que o crocodilo, nas mais diversas mitologias, é o Senhor das Águas Primordiais. Trata-se de uma divindade ctoniana que reina no mundo inferior, constituindo assim um símbolo das trevas e da morte, mas também do renascimento. Neste sentido, equivale ao Seth egípcio e ao Tifão grego. Para os Miztecas e os Aztecas, a Terra nasceu de um crocodilo que vivia no Mar Primordial; para os Maias, a Terra era carregada às costas de um crocodilo. É o Senhor dos Mistérios da Vida e da Morte, o grande iniciador.
    Sobre as quatro cabeças de crocodilo desenvolve-se uma espiral ascendente de nove voltas, por onde corre a água que é vertida, no cimo da mesma, pela boca de uma serpente para o interior de um cálice. A espiral evoca a evolução de uma força, de um estado. Representa os ritmos repetidos da vida, assim como todo o carácter cíclico do caminho evolutivo. O nove anuncia ao mesmo tempo um fim e um recomeço, isto é, faz a transposição para um novo plano através de um processo de morte e renascimento; por isso, é o número da iniciação. Assinala o fim de uma fase do desenvolvimento espiritual e o início de uma outra superior. Fecha um ciclo de multiplicidade, para um reencontro com a Unidade, pois, esotericamente 10=1+0=1.
    A serpente encarna a vida original, visto que as Águas Primordiais e a terra profunda formam a Substância Primordial da qual é constituída a serpente. Dessa forma, encontramo-la ligada às correntes de água subterrâneas, as quais são a origem oculta dos chakras da Terra, da energia telúrica. A serpente simboliza a sabedoria e os iniciados (os duas vezes nascidos), pois ela é a atenção constante, o eterno rejuvenescimento e a guardiã do poder e dos tesouros ocultos.
    Quanto ao cálice para onde jorra a água, ele representa o vaso que contém a poção da imortalidade e da abundância; é o seio materno do qual emana o Leite da Vida, leite esse que não é mais do que o Soma, bebida da imortalidade. O cálice é também o símbolo do coração do iniciado.

    A escadaria dos Cinco Sentidos
    Após este lanço de escadas entra-se noutro pátio onde se inicia o escadatório dos cinco sentidos, dividido em corpos rectangulares, formados por lanços duplos que, em linhas divergentes, sobem a pátios laterais, donde convergem para patamares centrais, encontrando-se aí as fontes representativas dos sentidos. É de assinalar o facto interessante de a escadaria formar a partir daqui o entrelaçamento de escadas que constituem o próprio caduceu de Mercúrio.
    No primeiro pátio jorra a Fonte das Cinco Chagas. A fonte lança, numa concha de sete semi-círculos, cinco vertentes saídas de um escudo. Estes cinco orifícios formam o quincôncio, ou seja, a quinta-essência que tem o poder de agir sobre a matéria e de tranformá-la. Representa o homem espiritual que desperta do quadrado da matéria que constitui a sua personalidade. Cinco são os sentidos que permitem captar as cinco formas sensíveis da matéria e assim, transcendê-la.
    De ambos os lados nasce o primeiro lanço de escadas, em cujo patamar figura a Fonte da Vista. A fonte é formada por uma figura que lança água pelos olhos e segura na mão esquerda uns óculos. Três águias, guardiãs desta fonte, olham para o Sol.
    Esta, tal como as restantes fontes dos sentidos, procura mostrar o lado transcendente do próprio sentido, aqui representado através do Sol, símbolo da claridade que permite conhecer a verdadeira realidade, oculta nas sombras da ignorância. A águia, como animal solar, constitui a aspiração a essa mesma luz que vem do alto; por isso a vigilância é também uma das suas características. Elucidativas deste facto são as estátuas e respectivas inscrições que encimam esta fonte como, por exemplo, a do profeta Jeremias, que representa o Sol e tem na sua mão direita uma vara com olhos. Na peanha pode ler-se o dístico: "Eu vejo a vara vigilante". Tudo fica mais claro se recordarmos que a vara ou cajado é símbolo do conhecimento que permite ao sábio caminhar seguramente.
    No patamar seguinte temos a Fonte da Audição. A figura representada na fonte lança pelos ouvidos dois jorros de água. Por baixo encontram-se três cabeças de boi. É através da audição que surgem todas as vozes da Natureza que fazem eco no interior do homem. É a voz da sabedoria que penetra o homem tornando-o fecundo de uma nova vida, de uma capacidade criadora. Por cima da fonte, a inscrição que se encontra na estátua de uma mulher tocando lira, diz-nos o seguinte: "Tua voz soe aos meus ouvidos".
    No terceiro patamar temos a Fonte do Olfacto; a figura nela representada lança água pelo nariz. Tem nas suas mãos uma caixa aberta e de cada lado um cão.
    O olfacto, tal como a visão, encontra-se muitas vezes associado à clarividência, à capacidade de percepcionar aquilo que o sentido físico não capta. No cimo da fonte está a estátua de Noé que segura um cordeiro junto de um altar, e a seguinte legenda: "Noé percebeu o Senhor em suave cheiro". Do lado oposto encontra-se a estátua de Sunamites abraçado a uma palmeira e, em baixo, o dístico: "A tua estatura é semelhante a uma palmeira... e o cheiro da tua boca é como o das maçãs". (Recordemos que a maçã é o fruto do conhecimento).
    No quarto patamar está a Fonte do Paladar. A figura da fonte lança água pela boca e tem na mão esquerda uma maçã e de cada lado um macaco.
    A boca é o símbolo da força criadora, o órgão da palavra ou Verbo. Por isso, a seu lado aparece o macaco ou cinocéfalo que também representa o deus Thot no Egipto, o escriba divino que toma nota da palavra de Ptah, o deus criador.
    Por último temos a Fonte do Tacto. A figura segura uma bilha que verte água, sendo as aranhas os animais simbólicos que a acompanham. Esta fonte representa, fundamentalmente, a acção e o destino forjado pelo homem. A mão, como veículo privilegiado do tacto, é o símbolo da actividade e do poder. É passiva naquilo que retém e activa naquilo que liberta. A mão é signo do labor, sendo extremamente interessante o facto de estar aqui associada à bilha, pois as bilhas construídas pelo oleiro são os elementos do nosso karma, o fruto das nossas acções. A aranha é a tecelã da realidade e senhora do destino e o fio por ela tecido é o meio ou suporte da realização espiritual.
    Há ainda a assinalar, relativamente ao escadatório dos cinco sentidos, que em todas as suas fontes encontramos a presença de cinco interessantes castelos ou torreões formados por quatro taludes e uma porta. Fulcanelli diz-nos o seguinte a propósito da representação do Athanor alquímico: "Os fornos estão representados como se fossem torreões com os seus taludes, as suas ameias, as suas seteiras". O athanor é o seio no qual se juntam os quatro elementos (torreão quadrado com quatro taludes) que são zelosamente vigiados (as ameias) com o objectivo de alcançar a obra (seteiras), permitindo a libertação do quinto elemento (a porta).

    A escadaria das Virtudes
    Nesta escadaria encontramos, em primeiro lugar, a Fonte da Fé, representada através de uma cruz que verte água por três goteiras localizadas nos pontos onde foram pregados os cravos da crucificação. Ouçamos, mais uma vez, Fulcanelli, a este propósito: "A cruz tem a marca dos três pregos que serviram para imolar o Cristo-matéria, imagem das três purificações pelo ferro e pelo fogo".
    Do sacrifício do homem-físico, crucificado entre dois mundos, desperta o homem-espírito, o Christos ou Iluminado. Por essa razão, no letreiro em cima pode ler-se: "Correm dele águas vivas". A Fé constitui a passagem de um estado a outro, que ainda não se vê, mas se vislumbra no horizonte.
    Assim sendo, no cimo vamos precisamente encontrar a estátua da Fé representada por uma mulher de olhos vendados, já que a Fé é a capacidade de ver com o coração. A acompanhá-la estão: do lado direito, a Confissão e, do lado esquerdo, a Docilidade sob a forma de uma mulher. No seu braço direito segura uma serpente e no esquerdo sustenta um escudo com uma cabeça de elefante, rematada por uma ampulheta coroada por uma serpente entre dois espelhos. A inscrição diz o seguinte: "Com o coração se crê para alcançar a justiça".
    No segundo patamar está representada a Esperança através da Arca de Noé pousada na Montanha. A arca é o símbolo do cofre ou tesouro de regeneração cíclica, constituindo assim o princípio da conservação e do renascimento. É o vaso alquímico onde se processa a transmutação dos metais, ou o coração do homem-alquimista no qual se opera a transmutação do humano em divino. Quanto à Esperança, ela é a força que impele o homem a chegar a bom porto. Por isso a estátua a Esperança pega com a mão esquerda uma âncora e com a direita uma pomba que esvoaça. Na sua base lê-se: "Aguardando esperança bem-aventurada e a vinda da glória". Acompanham-na as estátuas da Confiança e da Glória.
    A terceira e última representa a Caridade através de duas crianças de pé sustentando um coração que verte água.
    A criança é o símbolo do renascer do homem, do regresso a um estado puro, da conquista da paz interior. São duas as crianças, uma feminina e a outra masculina, unidas num coração que ambas seguram. Esta dualidade espiritual designa nomeadamente a dádiva e a receptividade, o espírito e a alma que se unem graças ao coração, sendo este o centro onde reside a Vida do homem. É interessante referir que, para os Egípcios, o coração era simbolizado por um vaso, já que este último permite não só conter as águas da vida, mas também verter. Um vaso que não se esvazia vai transbordando sem que possa regenerar as suas águas e, dessa forma, ganhará no fundo os limos e impurezas do egoísmo.
    A Caridade é o acto de dar e, acima de tudo, de se dar para que seja possível receber, naturalmente, um novo alento no coração.
    No cimo da fonte está a estátua da Caridade: uma mulher de alegre semblante sustenta duas crianças nos braços. Trata-se de Ísis, a Virgem, a Natureza fecunda: é a caridade suprema, a dadora de Vida. Por isso, a inscrição na sua base diz: "São três as virtudes... a maior delas porém é a caridade". Acompanham-na de um lado a estátua da Benignidade e do outro a da Paz.
    No cimo deste escadatório encontra-se um terraço no qual, antigamente, existia um jardim formando um labirinto. Aqui deparamos com a fonte denominada Cascata, onde um pelicano rasga o peito com o bico a fim de dar alimento aos seus filhos. Simboliza os Mestres que se sacrificam para dar ao homem a sabedoria, água e sangue da Vida que neles habita: "O pelicano rega-te com o seu sangue e com a água do seu coração" (Silesius).

    A Fonte de Hércules
    Por detrás da igreja que culmina a escadaria, encontramos no bosque aí existente uma magnífica fonte, cujo nome se desconhece: montado sobre um ser bestial, um homem empunha na mão direita uma maça e na esquerda um escudo com um quincôncio gravado. O seu nome é Hércules ou outro equivalente. Trata-se daquele que dominou a natureza animal através de duras provas; a sua protecção é o escudo da pureza da quinta-essência. É o homem que alcançou o seu centro, o grande alquimista.

    A origem
    Penetrando mais profundamente no bosque, precisamente no ponto mais alto da montanha, num local rodeado de carvalhos, encontramos um enorme rochedo no cimo do qual um homem, segundo se diz, Moisés, crava uma lança na rocha, daí brotando uma nascente que é a origem de toda a água que corre ao longo da escadaria: "Lá está a nossa famosa fonte, cuja água límpida corre na base da árvore sagrada (carvalho), tão venerada pelos druidas, e que os antigos filósofos chamaram Mercúrio, embora não tenha aparência de azougue vulgar. Porque a água de que temos necessidade é seca, não molha as mãos e jorra do rochedo ao toque da vara de Abraão" (Fulcanelli in o Mistério das Catedrais).
    Que melhor elucidação poderíamos querer sobre tão maravilhoso encontro com a origem?!

    Conclusão
    O que procurámos fazer ao longo deste trabalho não foi uma simples subida de uma escadaria, explicando exaustiva e intelectualmente os seus símbolos. Procurámos, isso sim, contribuir para que cada um de nós pudesse fazer uma peregrinação dentro da sua própria montanha interior, encontrando as forças necessárias para a transmutação da matéria bruta num elemento cristalino e possibilitando, enfim, a descoberta de algo tão simples como uma nascente da qual emana o essencial da vida.


    "Escava o teu íntimo. Lá dentro é que está a fonte do bem, que pode emanar sempre se sempre a fores escavando".


    Marco Aurélio

     

    Katia Fonseca

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    posted by iSygrun Woelundr @ 8:08 PM   0 comments
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